Não sei que horas são. A lua já vai alto no céu estrelado. Acredito que é a única coisa que me acalma realmente é a luz da Lua, talvez por isso eu tenha ganho a pedra da lua como presente do meu mestre. Vocês não devem estar entendendo nada não é mesmo? É a primeira vez que decido escrever um diário, minha mente anda cheia demais de pensamentos e um diário e mais fácil de carregar que uma penseira. Me chamo Theodore Johansson Schönemann e sou viciado em cappuccino e infelizmente em cigarro também, sou inglês de nascimento com descendência alemã por parte de mãe. Meus pais se chamavam Alberth Schönemann, ele tinha uma banda de rock e Hylla von Johansson, nobre alemã que largou tudo para seguir seu grande amor. A família a odiou e odeia até hoje, mas dessa grande história de amor nasceu esse Deus Grego que vos escreve. No momento estou no meio de uma floresta da Irlanda terminando meus estudos sobre Magia ancestral e Natural. A magia por aqui e como uma religião e isso e de certo modo acolhedor e assustador quando se percebe sua grandiosidade, mas não vou me deter muito nisso agora, o importante e que vocês entendam tudo antes deu vir para cá.

 

Nascido e criado em Londres, convivi com meus pais até meus nove anos pelo menos, quando os dois morreram num acidente. Até hoje não entendo muito bem como aconteceu então direi o que me foi dito, morreram num acidente de estrada, o carro em que eles estavam explodiu ao serem atingidos por um caminhão num cruzamento e desde então vivi com meu tio até os meus 17 anos, mas vou chegar lá.

 

Tio Erik me criou e me instruiu em Magia, principalmente magia negra e formas de defesa, ele é perito no assunto. Até meus 12 anos eu e ele vivíamos viajando por conta de suas pesquisas sobre as artes das trevas. Nossa última viagem juntos com esse intuito foi para África estudar o Voudou. Ele estudava na verdade isso e eu aprendia por tabela pelos pergaminhos que por curiosidade acabava lendo nos momentos de tédio e acredito, na África eram muitos esses momentos.

 

Com 12 anos ainda, meu tio recebera um convite para lecionar na Academia Militar de Magia de Durmstrang no extremo Norte da Rússia. Eu fiquei feliz. Só que não. Já tinha feito amigos na África e me mudar de novo significaria ter que ser conquistar meu status todo de novo, vida escolar é uma selva onde ou você e o predador ou você é a presa, e eu nunca tive vocação para ser menos do que nasci para ser, mas isso dava muito trabalho. Hoje em dia eu continuo o mesmo, só que mais moderado.

 

Em Durmstrang fui selecionado para a Romanov e ai ganhei minha primeira tatuagem, o brasão da casa havia sido queimado em minha pele, mas hoje em dia estava quase desaparecendo. Já fazem 8 anos. Em Durmstrang fiz bons amigos e conheci o que eu acreditava ser o grande amor da minha vida, mas como todo sonho termina em tragédia comigo não haveria de ser diferente. Ele tinha problemas demais e isso acabou nos afastando em uma noite fria. Carrego comigo as lembranças e a Rosa Eterna que ele me deu antes de me beijar uma última vez. Ele era lindo, quase perfeito. Um cabelo loiro intenso e liso. Pele branca e um olhar normalmente infeliz que brilhavam todas as vezes que me via. Lembro de um dia em que deitei a cabeça em seu colo de puro tédio enquanto ele estudava e acabei adormecendo com o cafuné que ele me fazia. E uma outra que fiz nascer cogumelos de sua cabeça com um acidente na aula de poções. Memorias são boas, mas no final não passam disso. Memórias.

 

Já ia me esquecendo que antes desse grande amor eu sempre fui verdadeiramente apaixonado por meu Primo Piers, mas ele nunca me correspondeu e com o tempo acho que o amor platônico foi sendo substituído por aquele amor fraternal, ainda nos comunicamos por carta mas faz uns quatro anos que não o vejo. A última vez foi num Natal trágico em família. Trágico porque discuti com meu Tio quando ele tentou me dar sermão e falar sobre a burrice que minha mãe cometeu. Talvez eu tenha explodido a mesa num acesso de raiva, mas nada demais. Lembro que chorei por dois dias sem parar por conta disso.

 

Depois de Durmstrang, estudei ainda em Hogwarts dos meus 14 anos até os meus 15 e finalizei os estudos em Beuaxbatons. Como eu disse, meu tio viajava muito e sempre acabava sendo transferido para poder acompanhar ele em suas viagens. Éramos sempre nós três, Ele, eu e o Hittler, meu amado cachorro que por sinal está enroscado ao meu lado enquanto escrevo. Ele ronca a proposito. Ao terminar meus estudos e ao completar minha maior idade o grande baque da minha vida. Primeiro recebi uma visita de um agente do ministério informando que agora eu poderia herdar tudo que já pertencera a minha mãe. Isso incluía a casa em Londres que se encontra em reforma. Uma conta bancária rechonchuda, não era milionário, mas era o suficiente para me manter por muitos anos. A pior surpresa de todas foram os documentos que afirmavam que eu tinha um irmão gêmeo que sumira do hospital na noite do dia em que nascemos. Pelo que entendi os médicos alegaram que ele nasceu morto, mas minha mãe nunca acreditou nisso pelo que pude perceber. Meu Tio confirmou a história mas não era da mesma opinião que minha mãe. Nós brigamos e acabamos ficando sem nos falar por quase dois anos.

 

Por algum tempo tentei encontrar o outro Theodore, mas sem grandes descobertas, para não dizer nenhuma. Acabei me mudando para Irlanda para estudar a magia e aqui estou desde os meus 17 anos. Segundo meu mestre, um druida meio pancado das ideias, “terminei meus estudos com louvor” nas palavras dele e “já pode se tornar um druida também e seguir os passos da Grande Deusa Mãe”. Ganhei até um pingente de pedra da Lua que agora só anda pendurado em meu pescoço. Volto para Inglaterra em três dias e sinceramente não sei o que me espera. Hittler acabou de acordar e me lamber, acho que ele quer que eu entre para dormir então acho que vou encerrar por aqui. Boa noite e até a próxima escrita. 

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