Existem algumas pessoas que acreditam no poder do destino, na capacidade humana de controlar os seus próprios desejos e assim trilhar a caminhada em busca dos próprios sonhos. Alexander Lamarck, um jovem garotinho do subúrbio londrino que dividia uma humilde casa com sua zelosa mãe também acreditava nisso.
Apesar de nunca ter tido a oportunidade de conhecer o seu pai – sua mãe nunca lhe deu maiores detalhes e, em respeito à dor visível que a mesma sentia quando se tocava no assunto, não insistia – não pode-se dizer que lhe faltou carinho, zelo, atenção e tudo aquilo que necessitava para crescer como uma criança forte e saudável, determinada naquilo que buscava para sua vida: uma vida tranquila, definitivamente com oportunidades de sucesso e, porque não, uma família feliz?
Mas talvez nem todos nasçam para ter uma família feliz, dentro daqueles moldes tradicionais da sociedade. Tanto é que, aos 11 anos de idade, ele recebeu uma carta informando que era um bruxo e estava sendo convidado para estudar em Hogwarts, uma escola de bruxarias e afins. É claro que ele conhecia de bruxos, lia sobre os mesmos na escola e em outras literaturas, mas sua existência era algo que realmente mudava toda essa perspectiva de sonhos, destino e futuro. Uma mudança que talvez, apenas talvez, uma criança de 11 anos não tenha a capacidade de discernir com precisão.
Mas o fato é que, com a benção de sua mãe ele foi para Hogwarts. Corvinal era sua casa, sua residência, onde fez alguns poucos amigos, algumas inimizades e viveu muitas experiências. Evidente que pessoas marcaram sua história, nomes ficaram gravados e acontecimentos registrados como um gostinho de “quero mais”, nada que uma criança tornando-se adolescente não fosse capaz de vivenciar na experiência de por meses permanecer em um mundo literalmente mágico e, por outros, retornar para o seio da família.
E como disse anteriormente, talvez a felicidade não tenha sido para todos.
Infelizmente, por uma ironia do destino, sua mãe veio a falecer em um assalto no local onde ela trabalhava. Ok, o garoto estava sozinho, não restava muita opção se não se mudar definitivamente para o mundo bruxo e tentar seguir a vida. Tentar, como eu disse. Mas como seguir uma vida que não existia mais? Sem pai, sem mãe, não havia muito sentido retornar para Hogwarts, não quando cedeu a um impulso desconhecido e tramou e executou a morte de sua ex professora, Agnes Devereaux. Agora ele era um assassino. O garoto que acreditava em sonhos havia se tornado um assassinado.
E o pior? O gosto era bom.
Com o pouco dinheiro que conseguiu com a venda da casa ele saiu de Londres e foi buscar as raízes da Magia Antiga, aquela que ele tanto lera nos livros... Por meses viajou pela Europa, conhecendo pessoas de diversos tipos, muitas vezes se metendo em enrascadas e saindo delas de forma não muito convencional. Por meses, experiências que nunca viveria nos dois últimos anos que poderia viver em Hogwarts se não tivesse arrancado a jugular daquela mulher.
Mas aquilo era passado, obviamente. Depois de muita procura ele encontrou uma academia. Não, não uma academia. Era mais um grupo de bruxos que viviam nas florestas antigas e afastadas na Irlanda, gozando de conhecimentos dito esquecidos no Mundo Novo, praticando experiências e disseminando um conhecimento que, acredito eu, fosse proibido entre a maioria das pessoas, mas que certamente contribuiriam e muito para o crescimento como pessoa, espírito e animal. Oh sim, foram os três anos mais intensos e perigosos que Lamarck vivera, mas quando deixou aquela tribo para retornar à Londres não era mais a criança que estava voltando.
O espírito sonhador, da capacidade de sonhar e acreditar no poder do destino já haviam ficado para trás. As boas lembranças agora jaziam jogadas ao chão, espalhadas entre as gotas de sangue que suas mãos teimavam em carregar banhando sua varinha, teimosamente preparada para exorcizar alguns fantasmas do passado. Fantasmas que talvez nem existissem de fato e de direito, mas que sua mente perigosamente deformada sentia a necessidade de reverenciar.
Velhos amigos, estava na hora de reencontrá-los.
[Dementador] - Memória: A sua mãe em um caixão. Relembraria uma fase da sua vida que, possivelmente, nem ele se lembra mais de como é.
[Testrálios] - Viu a Morte?: Sim