Cameron – Cam para os íntimos – sempre foi um cara simples, bacana, gentil; suas raízes eram humildes, muito embora seu sangue fosse puro, por isso seguia um estilo de vida mais pacato, longe de coisas caras e todo o requinte que era requisitado pela comunidade bruxa desde sempre. Talvez por isso escolheu estudar em Durmstrang, justamente por saber que lá estaria longe de qualquer tipo de injustiça com algum mestiço ou trouxa, afinal, ninguém desse tipo sanguíneo era recrutado para a escola mágica.
Sua infância foi normal, como todas as outras. Estudou bastante, procurava manter suas notas o mais plausíveis o possível, fazia amizades e as mantinha. Era o piadista da turma – talvez o único na escola inteira –, o que, geralmente, chamava a atenção de algumas meninas meigas e fofinhas que ainda restavam pelos corredores russos. Seu erro foi o de todo adolescente no auge dos hormônios: apaixonar-se.
Sim, pois era humano como qualquer um e errava como qualquer um. Este era Cameron: rabugento sendo engraçado, louco sem noção, retardado sem limites. Não seria outra pessoa a não ser ele, então erraria, claro. E errou. Seu nome era Sarah. Um pãozinho de mel sem fim que estudava com a namorada do seu companheiro de casa e melhor amigo – aliás, Cam nunca gostou da dita cuja, não. Era bela, tinha olhos claros, pele clara, sorriso perolado, maçãs do rosto rosadas; era meiga no ponto certo, feroz na medida correta. Tinha todos os atributos que ele queria e mais.
Portanto era de se esperar que um namoro começasse dali mesmo. Namoraram durante anos, nos quais somente beijos e mãos dadas eram permitidos – e esses ainda escondidos por causa da rigidez do corpo docente da academia. Até que decidiram ir além do que era imposto.
Nove meses depois, em Berlim, durante as férias do casal, veio o resultado. Cam tinha o apoio dos pais, mesmo que achassem errado o ato de ambos, e Sarah tinha os pais ao lado. Todos estavam rezando por uma criança saudável, que cresceria numa família feliz e teria uma vida digna. Bem... Não foi o que aconteceu.
A criança nasceu com dificuldades respiratórias e era deformada, por mais que Cam a achasse linda demais. Era um garoto. Seu garoto! Daria ao filho o nome dos avôs, além de seu sobrenome e o da mãe. Entretanto, a vida, como a vaca que era, o tirou de suas mãos. Desde então o casal não conseguiu superar a morte do filho, mesmo que Cam ainda nutrice por Sarah todo o amor do mundo. Separaram-se pouco tempo depois e Cam seguiu sua vida, trabalhando para o Ministério da Magia em um cargo relativamente bom para que pudesse sustentar a si mesmo. Atualmente tem os pais em Londres e uma ou outra namorada, mas nada que o faça esquecer seu verdadeiro amor.