Muitos devem pensar que a monarquia inglesa é somente para os trouxas. Digamos que sim, mas durante um período de tempo os bruxos comandaram a nação, levando ao progresso. Claramente alguns dirão: progresso? Ou ousarão indagar a importância de minha família dentro deste mundo. Mal sabem eles que se não fossem por nossas habilidades bruxas, jamais teríamos chegado longe. Filha da mulher que proveu o primeiro herdeiro para o trono, minhas responsabilidades eram nulas e, com isso, conseguia fazer aquilo que eu mais gostava: Lutar. Durante anos, escondia-me entre os rapazes de nossa infantaria para conseguir aprender a manusear armas, travar lutas e também forjar armas e armaduras. Por muito tempo havia conseguido ficar escondida, na surdina, até que meu próprio irmão revelou o segredo à todos, esperando que, com sua cega inveja, conseguisse levar-me á forca ou queimada.
(..............................)
Tornei-me, rapidamente, uma comandante e tornando-me essencial devido minhas habilidades de combate, raciocínio e nenhum medo de ser morta. Ser uma bruxa trazia poderes sobre os outros e isso me fazia sentir-me inalcançável. Em um dos combates, diante de um inimigo poderoso, um dos soldados que estava comigo, traiu-me, fazendo com que fosse atingida no abdômen. A poderosa espada penetrou meu corpo fazendo-me cair e sentir que minha morte estava com hora e data marcada. Meus olhos fecharam-se, e não conseguia mais ouvir o som metálico das espadas ou muito menos dos gritos. Jamais esperava a morte tão cedo, porém com meu irmão quase com a coroa, não seria de se pensar que ele tentaria algo para que o povo não me visse como uma sucessora.
Em determinado momento esperando a completa destruição, algo mordeu minha mão, fazendo com que o grito e espasmos de dor intensa percorressem o meu corpo. Lutei contra o que quer que estivesse a me atacar, internamente, mas era forte demais contra mim. O impacto e queimação interna pareciam dilacerantes, mas nada que já não havia passado ou sobrevivido, mas mesmo assim era contraditório continuar lutando quando havia aceitado a morte. Por dias, não conseguindo determinar quantos, senti meu corpo entrar em um limbo infindável, quase moribundo.
Quando senti o coração parar de bater, foi como um modo automático. Meus olhos se abriram para um lugar, uma masmorra, onde observei com cuidado todos os novos detalhes e intensidades de cor que haviam parado ali. Aquele que me havia criado, que Merlin o tenha, mostrou-me um novo mundo, onde o impossível só estava nas palavras. A transformação salvou-me da morte e da traição de meu irmão, que, de longe, assisti-o governar o povo que eu também tanto amava. Continuei como uma comandante, mas desta vez escondida, trabalhava à noite, destruindo os inimigos e suas infantarias sem piedade e muito menos com a preocupação de ser morta. Ainda viva, perambulo pelo mundo ensinando à quem mereça as artes da luta e dos combates, esperando pelo dia em que considere apropriado dar um fim à minha vida, como dei à de meu irmão.