Aubrey Rosenkrantz
Muitos dizem que bruxos das trevas não existem, já que muitos deles foram caçados, julgados e até mesmo mortos. Porém, pelo mundo há tantas formas de se compreender a magia e de vive-la, que muitos dirão que oprimir outros para o bem maior da raça bruxa pura, é natural e sensato. Cresci em um ambiente desses, por onde anos e anos, minha família que havia devotado seu tempo, dinheiro e talentos em prol daqueles que desejavam destruir os mestiços e nascidos trouxas. E sendo a filha única, a pressão para continuar as tradições eram desde minha infância impostas sobre minhas costas. Por longos anos acreditei que mestiços deveriam ser mortos e nascidos trouxas deveriam ser destruídos. Eles eram uma raça inferior à minha e não sequer mereciam estar ali, entre os puros e que precisavam de proteção devido a sua magia. Minha frieza vinha também pelo fato de minha criação ter sido rígida, firme e extremamente distante, preparando-me para o meu casamento com um filho de outra família também envolvida com Magia das Trevas. Essa era a minha vida, e para mim, era algo feliz.
Mas minha vida foi modificada por um deles. Dos impuros. Por causa dele e daquilo que eu não entendia, muito menos parecia compreender por completo. Com ele, percebi que eram normais, tinham problemas em se adaptar a tudo, porém seu desenvolvimento mágico era fascinante e muito impressionante. Aos poucos, as barreiras impostas pela alta sociedade começaram a ruir ao meu redor, permitindo a mim ter um nascido trouxa em meus pensamentos mais do que deveria acontecer. De conversas afáveis para olhares intrigados e risadinhas, beijos, trocas de promessas e toques íntimos. A ele eu havia prometido o meu melhor por ele ser a melhor coisa que me havia acontecido ao longo dos anos.
Porém, quando se tem uma família com um passado negro, eles não te deixam esquecer e um dia te cobram sua lealdade. O noivo que me deram, por um acaso sendo também de Hogwarts como eu, descobriu meu relacionamento com o nascido trouxa, tornando minha vida infernal. Agressões, estupro, sofrimentos e abusos psicológicos tentavam forçar a mim para delatar o rapaz e depois mata-lo. Lutei durante algum tempo, até que ao perceber que eu ainda resistia à ideia de matar a única coisa boa que me havia acontecido. Ao fim do meu sétimo ano, após tanto tempo sofrendo, descobri que aquele a quem eu amava havia me traído por poder, enquanto meu noivo havia também sido subornado para que contasse aos meus pais o ocorrido. A magia, que deveria me ser algo alegre e essencial, começou a tornar-se um monstro e sentia repúdio de realizar qualquer coisa mágica. E, para piorar, fui expulsa de casa após formada em Hogwarts, não tendo mais o que fazer de minha vida. Havia sido tratada como uma traidora, e eu sabia que meus pais nunca mais iriam querer saber de mim.
Estando tão fragilizada e sofrida, carregando comigo somente a roupa do corpo e minha varinha, rumei a Londres, onde tem sido minha casa. Encontrei um novo amigo, nascido trouxa, sem magia que se tornou a minha família e me permitindo fazer parte da dele também. Auxiliou para que eu pudesse ter tudo o que fosse necessário para viver como uma trouxa e nunca mais precisar de auxílio do mundo bruxo. Comecei a trabalhar, cuidar da casa, arrumar coisas e até mesmo aprendi sobre o quanto os trouxas são fascinantes, ainda mais quando se é um deles. Minha varinha? Eu até a carrego comigo, mas não a uso com frequência, já que não quero ser encontrada, muito menos lembrada de meu inóspito trabalho. Descobri uma paixão por Arquitetura e desenhos, no qual estudo na Universidade de Londres e, para juntar dinheiro, trabalho como garçonete em um pub irlandês que com as [i]tips[/i] me ajudam bastante. Tenho outro emprego na universidade, mas é sempre bom ganhar a mais.
Tudo parecia estar bem. Até agora....