Nascimento: 25/10/1994
Sabe aquele momento em que você olha pro espelho e fala (não, não é o "como sou gato", essa é pra outras horas): "Mas que diabos eu 'tô fazendo aqui"?
Pra encontrar alguma resposta, eu sempre tento voltar lá no começo estranho da minha vida.
Senhoras, Senhores e indefinidos, é um prazer recebê-los por aqui. Meu nome é Klaus Kylie Miki Jones, mais conhecido como apenas Kylie Jones. Minha mãe, uma aborígene que diz que sou o "bumerangue em formato de Lua", me batizou dessa estranha forma, dizendo que esse é o formato do amuleto da sorte dela quem me permitiu vir ao mundo, segundo as cartas que ela me escreve.
Meu pai cometeu um deslize quando mais jovem. Quando estava na Austrália passando suas férias escolares, fritando no Sol escaldante e numa praia que não podia entrar na água por alto risco de morte, ele conheceu minha mãe ao ser atingido por seu bumerangue, com o qual ela ainda estava praticando. Eles tiveram uma paixão intensa de verão na qual eu fui gerado. O único problema é que ele e ela tinham apenas quinze anos e isso gerou um rebuliço interminável sobre a falta de uma criação mais reservada para ele, que se metia com qualquer mulher.
Sim, meu pai não batia muito bem da cabeça. Não, meus avós não curtiram o que aconteceu, mas ao menos minha mãe era uma bruxa. Nascida trouxa, para complicar um tanto minha vida, mas era uma bruxa sem modos e um tanto desafiadora. Dizem as más línguas que vovó morreu de desgosto.
Eu nasci, como toda a família de meu pai, dentro da mansão Jones, beneficiado pela incrível e toda poderosa família real, mas isolado e mal visto por uma boa parte dos meus parentes, minha mãe permanecendo conosco até que eu aceitasse a mamadeira e não precisasse mais dos serviços de mama de leite, como imagino que a viam como. Até os quatro anos, morei lá com outros parentes, mas assim que meu pai completou a escola mágica, ele escolheu que moraria na Austrália, do outro lado para nunca correr o risco de me encontrar com minha mãe.
Se eu fiz isso? Uma única vez, quando decidi dar uma de adolescente rebelde porque queria conhecê-la desesperadamente. Quando cheguei na aldeia em que supostamente ela morava, descobri que ela tinha uma família feliz e bonita. Estava casada com um viajante japonês que se apaixonara pela cultura local e em especial pela estranha habilidade da minha mãe de ficar conversando com cangurus, quando encontraram-se pela primeira vez. Claro, para ele provavelmente era algum tipo de doença mental, mas ele não se importou e casou-se mesmo assim. A história deles se espalhara por toda a tribo porque ele era o único estrangeiro que aceitara mudar para lá, mesmo não sendo o único que tivera filho com as pessoas que lá moravam.
Eu fugi antes que pudesse conversar com ela, fazendo-me de apenas um adolescente maluco querendo conhecer a cultura local.
Depois daquele dia, nunca mais tentei ir atrás dela. Por vezes até mesmo evitei as cartas, ou respondi que estava muito ocupado aprendendo a surfar (o que, até certo ponto, é verdade). Me afeiçoei aos mares até mais do que deveria.
E eu cresci. Como um bruxo que sequer sabe o que está fazendo da vida, porque estou sempre tentando me enfiar no primeiro trabalho que arranjo pra não ficar completamente sem dinheiro.
O resumo de tudo isso? Eu não faço ideia do que estou fazendo aqui, só sei que vou torcendo pra alguma coisa dar certo na minha vida.