- Bacco L. Anderson
- Mundo Mágico
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Ser o irmão mais velho tinha pouquíssimas vantagens, especialmente se você tiver uma única irmã. Não preciso dizer que a chegada de Courtney à família trouxera imensa alegria. Meus pais eram loucos para ter uma filha, assim como eu sempre desejei ter um parceiro de crime em casa, independente do sexo que tivesse. E de fato, na medida em que os anos passaram, minha caçulinha e eu nos tornamos muito próximos, mesmo com nossos seis anos de diferença. O que eu não esperava, é claro, é que ela fosse seguir o caminho que meu pai desejava que eu tivesse seguido: uma aventura sem volta para se tornar uma máquina do esporte. Bom, diferente de Courtney, eu gostava mesmo era de sentir os pés no chão, na areia quente da praia; senti-los balançando a esmo sobre uma vassoura não me parecia a melhor maneira de curtir a vida. A verdade é que, embora voando você consiga alcançar mais alturas e viajar longas distâncias com mais facilidade, você deixa de viver e sentir cada centímetro que seu corpo percorre. Mas se você é trouxa, e minha lógica não te faz sentido, aqui vai uma analogia: viajar de avião da Grécia à Inglaterra não te proporciona as mesmas experiências que você teria caminhando (o que não significa que você deva fazer isso, claro). Essa admiração pela natureza, estilo de vida aventureiro e as constantes visitas às praias de Zakynthos me fizeram crescer completamente desinibido, acostumado com o calor do sol na pele e a presença de vida, tanto humana quanto marítima. Pescar teria se tornado um hobby, se minha empatia pelas criaturas do mar não me impedisse de machucá-las, algo que, pouco a pouco, revelaria a mim um estilo de vida vegetariano. Quando aprendi a nadar, passei a me aproximar de ilhas mais remotas para observar os animais mais de perto, longe dos habitantes e do turismo, e neste hábito percebi que preservar a sua existência parecia um objetivo de vida que me faria feliz. Pelo menos até nos mudarmos para a Inglaterra, próximos à família de papai. Os anos foram passando e, assim como me formei pela casa da Lufa-Lufa em Hogwarts, decidi dedicar meus estudos às vidas das criaturas mágicas uma vez que, ainda mais que os animais comuns, corriam um sério perigo devido ao tráfico ilegal e riscos de exposição aos trouxas. Se isso havia me tornado um pouco esquisito? Porque tornaria? Seres mágicos são, em sua maioria, apenas mal compreendidos, embora ninguém deva se aproximar de um erumpente faminto.
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