“Minha filha se apaixonou por um não-mágico…”, foram as palavras que Jawari disse assim que se deitou na cama para tentar dormir. Ngahuia uniu as mãos às dele e apertou. 

“E está grávida de sete meses”, aquilo a fez rir. De todas as coisas que poderia imaginar acontecer com sua família, principalmente com seus filhos, e ainda mais com Ayoola, era aquilo. Seu marido começou a rir junto. A mulher não conseguiu ficar deitada, precisou se recostar contra o travesseiro que estava atrás de si.

 

Ayoola Hadiya Mbhali era uma mulher de forte personalidade e que dificilmente se deixava levar por atitudes não pensadas. Desde os estudos em Uagadou, sua vida seguia um certo padrão. Já sabia a carreira que desejava seguir e ainda que fosse um pouco diferente do que seus pais tanto almejavam, lecionar sempre esteve no topo de seu interesse. Gostava de estudar, gostava de cada texto que lhe provocava e fazia pensar, gostava de anotar nas bordas dos seus pergaminhos e cadernos de anotação as indicações literárias de seus professores, bem como as próprias indagações que vez ou outra martelavam em seus pensamentos. Pois às vezes era necessário se calar para não incitar discussões em que certas pessoas não pareciam ter uma mínima maturidade para falar a respeito.

Não era como se tivesse perdido o foco, mas desde o dia em que Darius Fitzgerald Keith II havia entrado em sua vida, Ayoola percebeu o quanto desejava viver as mais loucas aventuras na companhia dele, do quanto desejava ser dele todas as noites e do quanto estava feliz em ser mãe de um filho seu. A maternidade já era algo sonhado e agora tornou-se o melhor presente que a vida poderia lhe dar. Por mais que tudo tivesse sido muito repentino - porque apesar de ser trivial o fato de conhecer um homem numa galeria de artes, surpreendeu a si quando resolveu acompanhá-lo numa viagem à Las Vegas. O que acontecia em Vegas ficava em Vegas, mas durante sua rotina, voltava em flashbacks entrecortados em seus pensamentos. Afinal, havia se casado com ele, ficando meses longe de sua família e retornando apenas para pedir apoio. Sabia que não seria rejeitada, mas era óbvio que não deixaria de enfrentar as consequências, tão como ouvir o quanto havia sido irresponsável.

Mas… sinceramente? Ela não se importava. Não era sobre fazer algo diferente e sim sobre se permitir viver. Se permitir viver um amor e ser amada. E assim o faria.

[Bicho Papão] - Maior Medo: Perder seus filhos.
[Testrálios] - Viu a Morte?: Sim.
[Tattoo] - Marcas corporais: Várias tattoos.